segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SOBRAL para o MUNDO


     Os números de 2011 estão sendo fechados e as frutas exóticas já entram nas estatísticas de aumento de produção
     Sobral O Ceará não planta só banana, em Uruburetama; café, em Baturité; e coco, em Paraipaba. No Ceará, a frase de Pero Vaz de Caminha, quando chegou ao Brasil, é bem adaptada: "aqui em se plantando tudo dá". Com isso, os cearenses começaram a cultivar frutas exóticas como figo, cacau, azeitona, caqui, uva, maçã, pera e morango.
     Estas frutas exóticas têm ajudado a aumentar a pauta de exportação cearense. Dados da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) apontam que o Estado saltou de 18 mil hectares de área plantada de frutas em 1999 para 39 mil hectares em 2010. A produção saiu de 316 mil toneladas, em 1999 para 810 mil toneladas, no ano passado. Os números de 2011 ainda estão sendo fechados, mas as frutas exóticas começam a entrar na estatística.
     Doze fazendas distribuídas estrategicamente, no Vale do Jaguaribe, começaram este ano a cultivar maçã, cacau, pera, caqui e azeitona. O projeto é uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agroindústria Tropical), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Adece e União dos Agronegócios do Vale do Jaguaribe (Univale).

Contrato

     Para tanto, foi celebrado um contrato com a empresa paranaense Viveiros Cone. Coube a Viveiros fornecerem as mudas de maça, pera e caqui, inicialmente. A plantação começou em agosto em áreas de oito empresas da Univale. Apesar da maçã, pera e caqui serem frutas próprias de regiões de clima temperado, a Embrapa desenvolveu tipos de sementes, que se adaptaram bem ao semiárido do Ceará.
     A experiência de cultivar frutas de clima temperado já vem sendo aplicado com sucesso em Pernambuco e Bahia.
     Este ano chegou ao Ceará e no ano que vem vai para o Rio Grande do Norte. O engenheiro agrônomo Paulo Roberto Lopes, da Embrapa Semiárido Petrolina (PE), revela o segredo para o plantio de frutas exóticas darem certo no semiárido nordestino. "Criamos um sistema de manejo específico para que essas frutas se desenvolvam mesmo em clima quente. O sistema funciona com podas e inibidores de crescimento, que favorecem uma melhor produção".
     As vantagens do cultivo de plantas exóticas no Nordeste são enormes. "A principal vantagem de se produzir espécies frutíferas típicas de regiões mais frias no semiárido tem a ver com o custo do produto para o consumidor final. Uma economia seria com o frete, que encurtado em pelo menos quatro mil quilômetros, distância o Nordeste das áreas produtoras", atesta Paulo Roberto Lopes.

Novo caqui

     A Embrapa-Agroindústria Tropical está desenvolvendo um projeto de plantação de caqui no Ceará. A plantação de caquizeiro que, na maioria das vezes, é lento no seu início, deve ganhar mais celeridade com os experimentos da Embrapa. A produção de caqui é perene com longevidade de dezenas de anos. Instalado o pomar, o caquizeiro entra em frutificação em média a partir do terceiro ano. Mas os pesquisadores da           Embrapa estão desenvolvendo um projeto para que o caqui comece a dar, já a partir do primeiro ano de plantação, com uma produção de 150 quilos/ano por pé.
    Uma das culturas exóticas, que se adaptou bem no Ceará foi a figueira. O figo teve uma boa área plantada na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte. Mesmo com o período menor de produção, a qualidade do figo ali produzido foi bem superior os demais plantados no Brasil.

     A plantação de figo cearense aconteceu no Sítio Matriz e inicialmente foram quatro hectares, que deram a primeira produção para exportação em 2005 nove toneladas. O figo encontrou em Limoeiro do Norte a terra prometida para uma produção estimada de 60 toneladas nos próximos anos. Mas, devido a crise econômica mundial de 2010, a produção foi suspensa em 2011. Há promessa de volta em 2012.

Condições favoráveis

     O presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, diz que as frutas exóticas não foram trazidos à toa para o Ceará. "Estes cultivos só vêm reforçar uma tendência de introdução de novas variedades no Estado", afirma Bringel. Organizador da Frutal há 17 anos, Euvaldo Bringel destaca que a feira tem mostrado este potencial cearense. "Ao longo da história da Frutal, a gente tem trazido novas cultivares de melão e uva. A vinda das frutas temperadas não foi aleatória", destaca, lembrando que a ideia do Instituto Frutal é obter o máximo do clima, de forma sustentável, respeitando o Meio Ambiente. "Como o clima da gente não pode mudar, e o solo também não, podemos adaptar a inteligência do homem para produzir na natureza. É isso que estamos conseguindo: reescrever a história do Ceará por meio da plantação de frutas que antes era inimaginável se cultivar no Estado do Ceará". (L.B.)

SERRA DA IBIAPABA

Manejo com sistema semi-hidropônico

     Sobral Técnicos da Embrapa Agroindústria Tropical) e do Instituto Agropolos desenvolvem um projeto de produção de morangos no sistema semi-hidropônico, na Serra da Ibiapaba. Financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci), o projeto é tocado pelo engenheiro agrônomo, PhD em Engenharia de Biossistemas, da Embrapa Agroindústria Tropical, Fábio Rodrigues de Miranda; e pelo técnico do Instituto Agropolos - escritório da Ibiapaba, Antônio Augusto.
     A empresa beneficiada é a Morangos Ibiapaba Ltda, localizada em Ibiapina. O projeto começou em julho passado e deve começar a ser implantado em janeiro de 2012, inicialmente em dois hectares de morangueiros. Será desenvolvido até dezembro de 2012, com o objetivo de aperfeiçoar o sistema de produção do morangueiro na região da Serra da Ibiapaba.

"O projeto vai avaliar a produção de quatro variedades de morango, cultivadas no solo e em substrato de fibra de coco (sistema semi-hidropônico)", adianta Miranda. Segundo ele, o projeto quer identificar as principais pragas e doenças, suas épocas de ocorrência e graus de severidade em cultivo convencional (no solo) e semi-hidropônico de morango. Outro ponto do projeto é caracterizar física e físico-quimicamente frutos de morango produzidos sob cultivo semi-hidropônico e sob cultivo convencional (no solo). Pretende ainda caracterizar sensorialmente frutos de morango produzidos sob cultivo semi-hidropônico e sob cultivo convencional (no solo).

     As metas do projeto são ousadas. Pretende determinar até dezembro de 2012 a viabilidade técnica e econômica da utilização de um sistema de produção semi-hidropônico de morango em substrato de fibra de coco. "Queremos identificar as principais pragas, doenças e inimigos naturais de ocorrência em cultivo convencional e semi-hidropônico de morango no Ceará, num prazo de 18 meses e determinar, no prazo de 12 meses, as variedades de morango que proporcionem maior produtividade comercial e melhor qualidade pós-colheita e sensorial dos frutos em cultivo convencional, no solo, e semi-hidropônico", relata Fábio.

Justificativa

     O cultivo do morangueiro está em expansão na Serra da Ibiapaba. Os primeiros cultivos realizados por produtores, que vieram da região de Pouso Alegre (MG) e se instalaram em São Benedito, mostraram que a cultura se adapta bem ao clima da região, com redução do tempo para o início da colheita e menor incidência de pragas e doenças, em relação aos plantios do Sudeste do Brasil. Como consequência, há redução de custos de produção. Uma vez que os mercados próximos (Ceará, Piauí e Maranhão) são abastecidos por frutos provenientes de regiões distantes e com altos preços, a boa rentabilidade da cultura tem estimulado o crescimento da área.
     Segundo relatos dos produtores, nas condições climáticas do local, as colheitas iniciam-se aos 45 dias após o transplantio e podem se estender por um ano. Nas regiões Sudeste e Sul, em virtude do fotoperíodo e de baixas temperaturas, a colheita do morango inicia-se de 60 a 80 dias após o transplantio, podendo-se prolongar por quatro a seis meses. Os principais problemas existentes no sistema de produção utilizado pelos produtores da Ibiapaba estão relacionados à nutrição da cultura e a qualidade dos frutos, que ainda são menores que os morangos das regiões tradicionais de cultivo no Brasil.
    O sistema de produção de morango na região da Ibiapaba segue as práticas utilizadas na região de origem dos produtores mineiros e ainda necessita de aperfeiçoamentos e adaptações para as condições locais, como, por exemplo, a identificação de variedades mais produtivas e com frutos de melhor qualidade. O uso do sistema semi-hidropônico, com as plantas sendo cultivadas em um substrato e fertirrigadas com solução nutritiva, a exemplo do que ocorre em outras regiões, pode ser uma solução para os problemas observados na região da Ibiapaba, na medida que, ao proporcionar uma nutrição equilibrada da planta, a produtividade e a qualidade dos frutos melhoram consideravelmente.
     Outro importante aspecto a ser considerado, cita o projeto da Embrapa, é que essa tecnologia possibilita uma significativa redução no uso de agrotóxicos no cultivo do morango, com ganhos para o meio ambiente e para a saúde dos trabalhadores e do consumidor. Além disso, o sistema de cultivo proposto apresenta vantagens com relação à melhoria das condições ergonométricas de trabalho para os operários rurais.
     Segundo dados da Embrapa, utilizando o sistema semi-hidropônico proposto, o custo anual de produção do morango para uma área de cultivo protegido de 315 metros quadrados é de R$ 18.650,00 no primeiro ano e R$ 14.068,00 no segundo ano. A produtividade média obtida utilizando o sistema proposto no Rio Grande do Sul é de 1,2kg por planta, totalizando uma produção de 5.400 kg/ciclo/ano. (L.B.)

Produção

     810 mil toneladas de frutas foram produzidas no ano passado. Os números de 2011 ainda estão sendo fechados, no entanto, as frutas exóticas começam a entrar na estatística.

MAIS INFORMAÇÕES 

Embrapa Semiárido
Avenida 7 de Setembro, s/n
Petrolina - Pernambuco
Telefone: (87) 3864.2421

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