segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

JULGAMENTO DE LINDEMBERG, CASO ELOÁ

Ele está sendo julgado pela morte da estudante Eloá Pimentel, baleada na cabeça em 2008 após ser mantida refém por mais de cem horas. A previsão é de que o julgamento dure três dias, segundo o Tribunal de Justiça.
Hoje, foram ouvidas as testemunhas principais do caso, amigos que permaneceram junto a Eloá no cárcere com Lindemberg: Nayara Rodrigues, Iago Vilera de Oliveira e Vitor Lopes. A última testemunha ouvida hoje foi o sargento da PM Atos Valeriano, policial que foi alvo de um disparo quando tentava negociar com Lindemberg.
No seu depoimento, Valeriano descreveu os momentos em que negociou com Lindemberg, até ser alvejado de surpresa pelo réu.
No final de sessão de hoje, houve uma discussão entre o advogado de acusação, José Beraldo e a advogada de defesa, Ana Lúcia Saad.
Beraldo perguntou a Valeriano se ele achava que, caso tivesse permanecido na negociação, o final seria diferente. Neste momento, Saad disse a Beraldo que isso era somente uma suposição, ao que ele gritou a ela: "fique quieta".
Saad respondeu: "O senhor pensa que está falando com quem? O senhor me respeite, temos a mesma estatura aqui". O policial não respondeu à pergunta e o depoimento seguiu.
 
JULGAMENTO DE LINDEMBERG
Na chegada ao Fórum de Santo André, onde ocorre o julgamento, a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, afirmou que seu cliente está calmo e tranquilo, e destacou que casos como o da morte de Eloá são sempre mais difíceis para a defesa.
"Espero que os jurados venham desarmados, prontos para receber a versão do menino [Lindemberg]. Ele é um bom rapaz, trabalhador, tinha dois empregos. Ele é réu primário, nunca pisou em um tribunal. Toda história tem duas versões", afirmou Assad.
O grupo de jurados que decidirá o futuro de Lindemberg Alves Fernandes é composto por seis homens e apenas uma mulher.
O julgamento começou de manhã e após interrupção para almoço, foi retomado por volta das 14h30, com a exibição de uma reportagem em que Lindemberg e a Eloá conversavam com a jornalista Sônia Abrão. 


Em seguida, Nayara Rodrigues foi ouvida por cerca de 40 minutos pela juíza Milena Dias. Durante seu depoimento no julgamento do réu, ela disse que Eloá disse ter certeza que a intenção de Lindemberg era matar a namorada. "A Eloá falava o tempo todo que sabia que ia morrer", disse a amiga.
Nayara disse ainda que Lindemberg bateu em Eloá e que o réu alternava entre o nervosismo e tranquilidade. Segundo Nayara, Lindemberg dizia que Eloá tinha sido injusta ao terminar o relacionamento e que ele iria se vingar.
Segundo Nayara, Lindemberg assistia às reportagens na televisão e se vangloriava da repercussão que o caso ganhara. Ao ver as reportagens, ele se intitulava o "príncipe do gueto", segundo a testemunha.
A advogada de Lindemberg afirmou durante o recesso que deverá exibir mais uma hora e meia de imagens. Ela já havia dito antes do julgamento que teria a imprensa e a polícia como seus principais alvos durante o júri. Segundo ela, os dois contribuíram para a tragédia. A promotoria também apresentou reportagens no início do júri.
Quando Lindemberg entrou no apartamento onde estava Eloá, em Santo André, estavam com ela os amigos Nayara, Iago e Vitor Lopes. Os dois rapazes, que foram liberados após as primeiras dez horas, também prestaram depoimento.
Iago Vilera de Oliveira disse ao júri que o desfecho do caso --a morte da jovem-- não o surpreendeu. "Não foi surpresa, pois Lindemberg deixou bem claro que ia matar ela", disse Iago.
Segundo o depoimento de Iago, após o término do namoro Lindemberg passava na frente da escola onde Eloá estudava e ameaçava seus amigos. 

Iago disse que ele e Lindemberg chegaram a conversar dentro do apartamento. Quando foi liberado, ele disse ter dado um crucifixo para Lindemberg. "Para abençoar a cabeça dele", disse Iago.
Durante o júri, o advogado de acusação pediu a Iago que olhasse para Lindemberg e dissesse se o réu havia mudado muito nos últimos três anos. "Está só mais gordo", disse Iago.
Antes dele, Vitor Lopes, o outro amigo de Eloá que permaneceu em cárcere, também depos. Ele disse que teve que esclarecer para Lindemberg que entre ele e Eloá não havia nada. Segundo ele, o réu agia de forma agressiva e apontava a arma para todos.
Ao ser liberado, Lindemberg teria dito a Vitor: "Corre e não faz nenhuma gracinha, senão te dou um tiro nas costas".
Mais cedo, a juíza Milena Dias autorizou a inclusão da mãe e irmão de Eloá na lista de testemunhas de defesa. Também foram dispensadas outras cinco testemunhas, entre elas a apresentadora da Rede TV! Sônia Abrão, que entrevistou Lindemberg ao vivo enquanto Eloá era mantida em cárcere privado. 

(Fonte: Folha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário