quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CAMINHONEIROS LIBERAM A BR-116


Os caminhoneiros liberaram todas as faixas da BR-116 nesta quarta-feira (25), antes mesmo de serem notificados oficialmente da decisão da Justiça Federal determinando a desobstrução da rodovia.  Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os motoristas, aos poucos, foram deixando a via pacificamente.  Por volta das 21h30, a BR estava liberada, e, às 22 horas, havia ainda alguns caminhões no acostamento.
Uma das líderes do movimento na BR-116, a caminhoneira Juliana Menin, diz que é provável que alguns caminhões ainda permaneçam na via.  Segundo ela, o que motivou a saída foi o resultado de reunião entre caminhoneiros e Governo Federal na tarde desta quarta em Brasília. O governo se comprometeu a sancionar sem vetos a Lei dos Caminhoneiros, aprovada pela Câmara no dia 11, e a não reajustar o preço do diesel nos próximos seis meses, em contrapartida, exigiu a liberação imediata de todas as estradas. Em uma semana de mobilização nacional, já foram registradas paralisações de caminhoneiros em 14 estados.

DECISÃO DA JUSTIÇA


A Justiça Federal no Ceará determinou na tarde desta quarta-feira que os caminhoneiros desobstruíssem a rodovia federal imediatamente. O juiz José Vidal Silva Neto, da 4ª vara federal, determinou “que todos e quaisquer invasores desocupem ou desobstruam imediatamente os trechos das rodovias federais neste Estado, notadamente entre os Km 12 e Km 16 da BR-116, incluindo leitos, acostamentos, alças e demais partes da rodovia federal”. O juiz estipulou multa diária de R$ 500 por motorista em caso de descumprimento.

O PROTESTO


O protesto dos caminhoneiros autônomos na BR-116, em Fortaleza, começou por volta das 16 horas da  terça-feira (24), quando cerca de 60 motoristas, principalmente os que chegaram de outros estados, ocuparam os acostamentos do km 12 da rodovia, importante acesso à capital cearense, já que a BR liga o Ceará ao Rio Grande do Sul. Nesta quarta, o protesto cresceu e a fila de caminhões chegou a cerca de 5 km de cada sentido. Os grevistas deixaram apenas uma faixa livre de cada lado e liberam a passagem de veículos pequenos, de emergência e com carga viva. Do quilômetro 12 até o 15, o G1 contou mais de 1.300 caminhões parados.

AÇÃO


A decisão judicial no Ceará atende a mais uma entre diversas ações promovidas pela Advocacia Geral da União (AGU). Na ação, os advogados da União argumentam que essas mobilizações, que estão ocorrendo em diversas regiões do País,  "ocasionarão potencial insegurança para o trânsito e para a circulação viária nas rodovias federais, comprometendo a segurança de todos, transeuntes, motoristas, motociclistas, passageiros e os próprios manifestantes, além de prejuízos de abastecimento; que há inclusive, conforme apurado na imprensa, relatos de risco de violências àqueles que tentam furar o bloqueio".


Caminhoneiro de São Paulo carregou cerâmica no Ceará (Foto: Gioras Xerez/G1 Ceará)Caminhoneiro de São Paulo carrega cerâmica
(Foto: Gioras Xerez/G1 Ceará)
REIVINDICAÇÕES 

Além de exigirem a redução do preço do combustível, os caminhoneiros reivindicam ainda o aumento do frete e valores recebidos conforme a carga e a distância da viagem feita por eles.


O caminhoneiro Adilson da Rocha, 52 anos, estava estacionado debaixo da Avenida Quarto Anel Viário, no Bairro Pedras, em Fortaleza, desde 16h de terça-feira (24). Segundo ele, a carga de cerâmica já havia sido descarregada, mas mesmo assim, ele diz que terá prejuízos.

Para evitar gastos, baiano evitar comer em restaurantes (Foto: Gioras Xerez/G1 Ceará)
Para evitar gastos, baiano evitar comer
em restaurantes (Foto: Gioras Xerez/G1 Ceará)
  •  
"O prejuízo já começou desde que eu parei aqui. A sorte é que a cerâmica que veio de Tambaú em São Paulo já foi entregue. A cada dia parados, nós perdemos dinheiro, mas acho a paralisação uma forma correta de protestar, pois não podemos trabalhar com os preços do diesel dessa forma. Os preços estão altos e é preciso o governo tomar uma providência”, afirmou.
O caminhoneiro baiano Claudimar Rosa que entregou nesta terça-feira uma carga de coco de Barreiras (BA) para Paraipaba, a 94 Km de Fortaleza. “Tive sorte como muitos de já ter conseguido entregar a carga. No entanto, estou parado aqui e já era para estar hoje à noite (quarta-feira) em Barreiras. Pegar outra carga e voltar para cá. Faço várias viagens para poder aumentar o lucro. O valor do frete que recebemos conforme a carga e a distância da viagem é baixa, diminuiu, devido o valor do combustível. Vivemos hoje com apenas 20% do frete”, disse. Ainda segundo Claudimar Rosa a cada dois dias parados ele perde algo em torno de R$ 3 mil.

G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário